sexta-feira, 23 de julho de 2010

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS 666


A Bíblia Sagrada além de toda a revelação profética cumprida na História e que não deixa dúvida na identificação do poder analisado no presente estudo, oferece mais detalhes que consolidam esta identificação. Eis o texto bíblico: Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta; porque é o número de um homem; e o seu número é seiscentos e sessenta e seis (Apocalipse 13:18).
Inicialmente o texto chama a atenção para a existência de dois fatores bastante significativos: sabedoria e entendimento. Relacionados a eles está outro texto interessante: Nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão (Daniel 12:10).
Em seguida é determinado que se faça um cálculo, isto é, que se efetue uma operação aritmética. Desta operação ou deste cálculo surgirá o número seiscentos e sessenta e seis que é o número de um homem. Ora, é evidente que tal fato se refere ao seu nome, ao título que representa este nome e não ao seu nome de registro ou de batismo.
O título do cargo que ocupa acompanha a todos os seus detentores. Por tanto, não deve ser João, Gregório ou Clemente que são específicos de uns ou de outros mas um nome que designe igualmente a todos os que ocupam ou ocuparam este cargo.

Sabendo que o personagem em questão é representado pelo bispo de Roma, chamado papa, pode-se tirar a prova real para ver se este número é a ele adequado. Então, para tirarmos valores ou números de seu nome devemos conhecer este nome e ver se estas letras possuem valores no seu idioma próprio.
Se nos referimos ao papa, é lógico que não devemos procurar estes valores no alfabeto português, inglês ou alemão, pois estes não são os idiomas pátrios do papado. Qual é, então, este idioma? É patente e notório que a língua oficial do papado é o latim, instituído como idioma oficial pelo papa Gregório I, no ano 600. E esta língua ou idioma possui um sistema de algarismos conhecido por algarismos romanos, no qual determinadas letras possuem valores numéricos próprios.
Este idioma e este sistema de algarismos já existiam quando o texto do Apocalipse foi escrito.
Falta, portanto, apenas identificar o título pelo qual este personagem é conhecido, para que se façam os devidos cálculos. Este título é notório: Vigário de Jesus Cristo, ou Vigário do Filho de Deus . No seu idioma oficial, que deve servir de base para o cálculo devido, o título re ferido é Vicarius Filii Dei .
Da soma dos números das letras que têm equivalente numérico em algarismos romanos resulta exatamente o número 666, que é o número da besta, que identifica o bispo de Roma como o personagem citado no texto bíblico.
Deve ser lembrado que no sistema de algarismos romanos as letras a , r , s , f e l não possuem correspondentes numéricos e que no latim a letra u é o mesmo v , tendo a mesma numeração.

A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA (PARTE 2)

 Aos poucos a autoridade do bispo de Roma foi sendo consolidada sobre todos os outros patriarcas e bispos. O próprio imperador Teodósio que se humilhara publicamente diante de Ambrósio, submetendo-se à penitência mencionada, foi quem, também, empregou a palavra PAPA, referindo-se ao bispo de Roma.  É interessante lembrar que, na evolução e consolidação da supremacia do bispo de Roma sobre todo o professo cristianismo, somente vários séculos depois da morte de Pedro foi ele citado como sendo o primeiro papa. Segundo esta afirmação os outros bispos de Roma seriam seus legítimos sucessores, pelos méritos de Jesus Cristo. Leão I (440-461), bispo de Roma, e, portanto, Papa, de acordo com o imperador Teodósio, foi quem primeiro estabeleceu esta pretensão
Diz a História: Leão I foi o primeiro Bispo de Roma a proclamar que Pedro fora o primeiro papa, a defender a sucessão do papado a partir de Pedro, a vindicar a primazia diretamente de Jesus Cristo e a ser bem sucedido na aplicação destes princípios para a administração papal dos negócios da Igreja. Leão I deu à teoria do poder papal a sua forma final e fez desse poder uma realidade. Foi ele quem obteve um edito do imperador declarando que as decisões papais têm força de lei (Processo Histórico..., p. 88).

A Igreja Católica atribui, ainda, a esse papa, o título de Magno e a seguinte e absurda exclamação: A dignidade de Pedro não sofre diminuição por indigno que seja o seu sucessor . A mesma fonte afirma que logo após a sua morte teve ele culto de santo e, ainda, que S. Leão criou representantes permanentes seus nas côrtes, princípio das nunciaturas . (CORRÊA, Iran (Padre), Biografias dos Papas, S. D. B., p. 103).
O historiador Oliveira Lima, em sua História da Civilização, Edições Melhoramentos, destaca como título: A Igreja Sucessora do Império a Hierarquia. Diz o texto histórico: Escreve um historiador que na Igreja Cristã se inoculou com Constantino o espírito militar de Roma e foi ela (a Igreja) de fato dentro em pouco a mais legítima sucessora do Império Romano, modelando-se pela sua organização e crescendo como um grande Estado espiritual, servido por uma hierarquia, o qual se sobrepôs sobre o Estado temporal. Contando com o pontífice único e supremo, havia patriarcas, em número de cinco, no fim do século IV e residindo em Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. Abaixo dos patriarcas estavam os arcebispos metropolitanos de províncias nas quais existia desde o século III um corpo episcopal, tendo-se congregado as primitivas irmandades assistidas pelos presbíteros e anciões e governados pelos bispos ou fiscais, do grego epíscopos. A expressão ecclesia é a mesma grega para assembléia popular. O termo latino PAPA (pai) aplicava-se no começo a todos os bispos e mesmo aos padres. Do século VI em diante foi que entrou a designar particularmente o bispo de Roma, a quem Gregório VII, pontífice romano, em 1. 076 o mandaria aplicar exclusivamente com o epíteto prefixo de Santo. Entre os patriarcas o de Roma sempre se considera o primaz, por instituição divina na pessoa de São Pedro e seus legítimos sucessores; esse primado se tornou visível pelo prestígio incomparável de Roma entre as cidades do mundo (Obra citada, p. 149).
Ao tornar-se a igreja de Roma a legítima sucessora do império, cumpriu-se o texto da profecia: e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio (Apocalipse 13:2).

Dando seqüência à referência histórica mencionada, destacamos: Foi Constantino quem maior incentivo e facilidade prestou à convocação em Nicéia, na Ásia Menor, em 325, do primeiro Concílio Ecumênico, que definiu o credo cristão contra as primeiras heresias, das quais a mais famosa foi o arianismo; do nome do presbítero Ário que a suscitou, negando a igualdade de Deus filho com Deus pai e, portanto, a concepção ortodoxa . Com Teodósio, o Grande, (379-395) foi o Cristianismo feito religião do Estado, sendo proibidos os sacrifícios aos deuses pagãos, fechados seus templos e arrecadados os bens respectivos. Todo o patrocínio oficial foi dado ao Cristianismo, sendo facultado às suas associações recolherem doações e legados e contribuindo o próprio imperador com donativos em dinheiro e terras. Da pobreza passava assim a Igreja à abastança e a lei de Cristo sobrepujou de tal forma a lei de César, o poder espiritual tanto prestígio ganhou sobre o temporal, que no século IV, Santo Ambrósio proibiu a entrada no templo a Teodósio, o Grande, por haver ordenado o massacre dos habitantes de Tessalônica. O imperador, após confessar o pecado, teve que fazer penitência pública por oito meses à porta da Igreja (Obra citada, p. 149).
Todo o sistema administrativo que deu origem e sustento ao poder papal foi cuidadosamente organizado, tendo por base e inspiração o sistema imperial e pagão, como adiante se esclarece: Após isto, convém concluir, a organização do clero secular da Igreja passou por um verdadeiro processo de romanização . Assim como os sacerdotes pagãos de Roma se agruparam em três colégios , os PRELADOS, eleitores do Papa, chamados de Cardeais, passaram a formar o Sacro Colégio . Para aumentar as semelhanças com as estruturas do poder romano, o principal órgão administrativo e judiciário desta Igreja romanizada recebeu o nome de Cúria, antigo Tribunal Romano, onde se reunia o senado (Processo Histórico..., p. 87). Neste período, o antigo nome do chefe da religião pagã em Roma, PONTIFEX MAXIMUS, já é utilizado para designar os bispos de Roma, os Papas. Eles já haviam assumido totalmente o espírito babilônico, de serem a suprema ligação do homem com o céu (Obra citada, p. 88).

O período da Igreja Cristã representado pela carta à Igreja de Pérgamo, que significa elevação , iniciado no ano de 313 chegou ao fim no ano de 538, que marca o início do quarto período, representado pela carta à Igreja de Tiatira, que significa sacrifício de contrição e que marca a ascensão do bispo de Roma como cabeça universal de todas as Igrejas e detentor do poder temporal sobre todos os reinos do mundo.
Este é o mais longo período referido nas profecias do Livro da Revelação, o Apocalipse, e tem a duração de 1.260 anos. É ele o mais terrível e sangrento período, caracterizado pela intolerância religiosa e perseguição mortal desencadeada contra os que se opõem ao seu poder.

É nesse período que, removidos todos os obstáculos, o homem do pecado, o filho da perdição se assentará como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus , assumindo as suas características de Anticristo, isto é, aquele que, mudando a lei e as doutrinas de Cristo e perseguindo e matando os Seus verdadeiros seguidores, se intitula o Vigário, ou substituto de Cristo.

A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA (PARTE 1)

 Registra a História: Mas Diocleciano continuou a perseguir os cristãos. O seu sucessor, Constantino, foi o primeiro imperador suficientemente sagaz para compreender que o Cristianismo, graças ao seu poder de fascínio e de lealdade incutidos nos homens, era a única força capaz de salvar o império. Assim, em 313, declarou que o Cristianismo seria tolerado em todas as suas terras, embora, pessoalmente, só 25 anos mais tarde viesse a ser batizado (A História do Homem nos últimos Dois milhões de Anos, Se leções do Readers Digest, p. 121).

Com o famoso Edito de Milão, em 313 d. C., encerrou-se toda a forma de perseguição aos cristãos. Nesse ano teve fim o segundo período da Igreja Cristã, representado pela carta à Igreja de Esmirna, que significa perfume ou cheiro suave , e que constituiu o período das perseguições de Roma imperial e dos mártires (Apocalipse 2:8-11).
Iniciou-se, nesse mesmo ano, o terceiro período, representado pela carta à Igreja de Pérgamo, que significa elevação , e que consiste no período em que a Igreja, a mulher simbólica, começou a ceder às investidas sedutoras do dragão romano, deixando os puros princípios de Cristo, o seu marido, e passando a aceitar a corte daquele que viria a ser o seu amante. Aos poucos, de maneira quase imperceptível, os ritos do paganismo imperial que era a religião de Roma começaram a ser absorvidos pela Igreja Cristã.

Esta prática nefasta era aceita com a desculpa de que a tolerância para com estas práticas pagãs serviria para atrair os seus adeptos, para facilitar a sua conversão para o Cristianismo. O que aconteceu, entretanto, foi que com o passar do tempo, o Cristianismo é que foi absorvido e se converteu ao paganismo, mantendo apenas o nome de cristão, o qual foi mais tarde retirado do nome da Igreja para, em seu lugar, ser colocado o nome do amante e assassino do esposo, o dragão romano. A partir de então, esta igreja passou a ostentar o nome que mantém até aos dias de hoje: IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA
O imperador, que era adorado como deus, passou a ser o chefe da Igreja. Diz a História Universal: Ao tornar-se imperador, Constantino sucedeu a uma série de monarcas que, adorados como deuses, governaram como senhores absolutos durante muitas gerações. Embora o poder absoluto continuasse, o caráter divino teve de ser suprimido, uma vez que o Cristianismo admitia apenas um deus. Chegou-se, por isso, a um compromisso, segundo o qual o imperador era considerado o representante de Deus na Terra, o 13° Apóstolo, com o título de Igual aos Apóstolos . Não importava como chegava ao trono; o seu cargo era aprovado por Deus, mesmo que, como às vezes acontecia, o imperador fosse um monstro de maldade (A História do Homem..., p. 122, destaques acrescentados).

É importante ressaltar que, após a sua conversão , Constantino assassinou, somente de sua família, as seguintes pessoas: Licínio, seu cunhado; Liciniano, seu sobrinho; Fausta, sua mulher e Crispo, seu próprio filho, morto por ciúme.
Continua a História: Nos numerosos concílios de toda a Igreja Cristã, o imperador e os bispos tentaram resolver problemas difíceis, como, por exemplo, se Deus Pai era maior do que Deus Filho (Obra citada, p. 123). A partir de Constantino, os imperadores bizantinos foram considerados, pelo império romano, chefes da igreja Cristã (Ibidem).

A fé pessoal de Constantino e a preocupação de fortalecer o Império uniam-se para levá-lo a proteger o Cristianismo, a enriquecer a Igreja, e a aumentar a sua influência. Constantino, contudo, não rompeu com o paganismo oficial. A separação entre o paganismo e o Estado somente teve lugar em 379. Continuou sendo o PONTIFEX MAXIMUS, fundou Constantinopla segundo os ritos pagãos tradicionais, permitiu que os templos subsistissem e que novos templos fossem edificados (Processo Histórico..., p. 83).
A mudança de comportamento e dos princípios do Cristianismo apostólico era evidente e a História continua com o seu testemunho: Enquanto a ameaça de perseguição aos cristãos persistiu, era o martírio que representava o ponto alto de uma alma cristã em busca da perfeição. Chegada, porém, a paz para a Igreja, o panorama se transformou. O Cristianismo instalou-se no mundo, às vezes de maneira bastante confortável. O deslumbramento pelas facilidades que os imperadores concediam, a convivência com o poder, as conversões em massa, muitas vezes superficiais e interesseiras, trazem também o afrouxamento da religiosidade (BENTO, S., Grandes Personalidades da História Universal, Editora Abril, p. 184).

É inegável que o afrouxamento dos princípios morais do Cristianismo, mencionado pelo registro histórico, representou a mudança destes mesmos princípios, realizada através da absorção das práticas e rituais pagãos pelo cristianismo mutante.
Seguem os testemunhos da História: A queda de Maximino Daia assegurou a aplicação do Edito (de Milão) na Ásia e no Egito. O ano de 313 foi o começo da paz na Igreja . As perseguições terminavam com a vitória do Cristianismo em toda a extensão do mundo romano. As conseqüências para o Cristianismo foram quase que imediatas: em todos os lugares, multidões vinham juntar-se aos cristãos. (...) O triunfo de Constantino sobre os seus rivais teve como resultado a vitória do Cristianismo. Este afluxo enorme de conversos ao Cristianismo, vindos do paganismo, cobrou o seu quinhão, principalmente no que diz respeito às crenças, práticas, enfim, no culto cristão como um todo. Fecharíamos os olhos à evidência se quiséssemos negar a sobrevivência das práticas pagãs no culto cristão. As concessões ou as transferências a que teve de ceder, apenas mostram ainda melhor a força dos hábitos que não puderam ser abandonados pelos novos conversos. Esta situação dos novos conversos trouxe conseqüências deteriorantes para a doutrina e culto cristãos (Processo Histórico..., p. 82).
Este processo de mudança dos verdadeiros e puros princípios e doutrinas cristãos, como foram ensinados por Jesus Cristo e expressos nas Sagradas Escrituras, por princípios e práticas do paganismo, continuaram por todos os séculos seguintes, como iremos demonstrar na seqüência deste trabalho, destacando agora pela oportunidade, interessante registro histórico, que legitima esta afirmação: O papa Gregório I mandou para a Inglaterra, no fim do século VI, um grupo de missionários (...) a sua missão foi coroada de êxito e por volta de meados do século VII o paganismo estava em franco declínio na Inglaterra. O culto dos antigos deuses não se extinguiu imediatamente, e o próprio Gregório I aconselhou os seus missionários a não interferirem nos santuários pagãos e a tentarem introduzir o culto cristão gradualmente, lado a lado com as práticas pagãs. A esta mistura de Cristianismo e paganismo se deve o fato de o nascimento de Cristo ser celebrado em 25 de dezembro dia do festival do inverno pagão (A História do Homem..., p. 144, destaques acrescentados).

Outra fonte histórica esclarece ainda mais esta questão. O mitraísmo era o principal sistema religioso pagão em todo o império romano antes da ascensão do Cristianismo à posição de religião oficial do Império. Esta fonte relata: Como o sol se ergue cada manhã acima do horizonte, assim Mitra (o deus sol), nascendo, saía de um rochedo; nos templos venerava-se a pedra cônica, de onde emergia uma criança nua, com o boné frigio na cabeça; a data do nascimento do deus, o natalis solis invicti , foi fixada no dia 25 de dezembro, quando o sol começa a sua carreira ascendente. Ou seja, porque após o solstício de inverno (21 de dezembro), os dias começavam a ficar mais extensos e a invencível estrela triunfava outra vez sobre a terra (Processo Histórico..., p. 60).

Ainda segundo a História Universal, Constantino tornou ainda mais firme o poder imperial, ao adotar o Cristianismo como religião oficial do império. A Igreja contava com uma sólida organização, na qual o Estado poderia apoiar-se. Constantino foi declarado soberano por direito divino, designado por Deus , para que reinasse com autoridade absoluta. O palácio imperial passou a ser chamado Palácio Sagrado. Sagrada tornou-se a figura do imperador, e os objetos que o cercavam (Grandes Personagens, Justiniano , p. 191). Desde Constantino desenvolvia-se o cesaro papismo, sistema de relação entre a Igreja e o Estado, pelo qual o monarca tende a unir em sua pessoa também o poder religioso. O imperador tornou-se um ditador teológico . Justiniano chegou ao ponto de elaborar profissões de fé de interpretação dúbia. A Igreja devia subordinar-se aos interesses gerais do Estado (Idem, p. 198).
Ao ser estabelecida pelos apóstolos, a Igreja possuía uma organização simples, baseada no princípio de que os maiores deveriam ser os principais servos. Cerca do século III a Igreja começou a ter edifícios próprios para o culto e, embora não legalizada, começou a possuir propriedades. A sua organização complicou-se e tomou como modelo, não um exemplo bíblico, mas a estrutura administrativa do Império Romano, o qual era de inspiração pagã. A unidade básica principal na administração tornou-se a Diocese, assim como no Império Romano, a partir da reforma administrativa de Diocleciano. O interessante é que o chefe da Diocese Imperial chamava-se vigário. Cada diocese estava sob a administração de um bispo, que era auxiliado por um presbítero (assuntos espirituais) e por um diácono (assuntos materiais). Várias dioceses formavam uma província eclesiástica, cujo primeiro bispo ou chefe, geralmente o da capital da província, recebia o título de arcebispo. Formaram-se cinco grandes arcebispados: o de Jerusalém, o de Alexandria, o de Roma, o de Antioquia e o de Constantinopla. Com o passar dos tempos, os arcebispos destas cinco capitais e províncias equivalentes, passaram a usar o título de Patriarcas, para distingui-los ainda mais (O Processo Histórico..., pp. 85-86).

Prosseguindo com a mesma fonte histórica, destacamos: O bispo de Roma começou a pleitear e conseguir destaque e autoridade sobre todos os outros bispos. Houve uma luta acirrada entre os patriarcas para determinar qual teria autoridade e hegemonia sobre os demais. Vários fatores contribuíram para que tal posição ficasse com o bispo de Roma. O seu sucesso ao resistir a várias heresias e movimentos , deu-lhe uma alta reputação de ortodoxia, enquanto várias facções contendentes de várias partes freqüentemente apelaram ao bispo de Roma para decidir as suas dissidências. Já no final do segundo século, o bispo de Roma queria fazer valer a sua supremacia. Vítor I (189-199), que orientou às igrejas orientais celebrarem a páscoa nos domingos, não sendo atendido, tratou de excomungar os cristãos desobedientes . Júlio I tentou estabelecer, na metade do século IV, o bispo de Roma como o juiz dos bispos em contenda (Idem, p. 87).
No ano de 380 d. C. o imperador Teodósio proclama o Catolicismo religião oficial do Império Romano, pelo Edito de Tessalônica. Além de transformar o Cristianismo em verdadeira religião do Estado, Teodósio imprimiu-lhe um caráter autoritário. Sua política intervencionista fortaleceu a Igreja, dando-lhe condições de se afirmar como força autônoma. Após o massacre de Tessalônica, que ordenou em resposta a uma sedição (390), Teodósio foi excomungado por S. Ambrósio e viu-se obrigado a curvar diante das exigências do bispo de Roma. Às vésperas da morte de Teodósio, o Estado romano pela primeira vez reconheceu a existência de uma instituição cujo poderio superava o seu (Grandes Personagens, Átila , p. 34).
Com o decreto de Teodósio estabelecendo o Cristianismo como religião oficial, foi proscrito o paganismo. Isto não provocou grandes oposições, uma vez que todos os ritos do paganismo praticamente já estavam sendo observados pela igreja que pretendia ser cristã e que se auto-denominava romana. Todos os ritos similares entre paganismo e Cristianismo, as novas estruturas de dominação e poder sobre os fiéis, o ritualismo pagão nas celebrações cristãs, o enriquecimento, tudo isto já satisfazia ao mais acirrado espírito pagão.

Satanás, enfim, obtivera êxito em seu propósito de conquistar a mulher simbólica, que se fizera adúltera pela idolatria e demais práticas do paganismo romano. Agora, verdadeiramente, era apropriada a sua nova denominação de Igreja Católica Apostólica Romana.
Com a proscrição do paganismo, estava dado o primeiro passo para o estabelecimento do mistério da injustiça, referido por Paulo (II Tessalonicenses 2:7). Segundo as palavras do apóstolo, somente há um que resiste até que do meio seja tirado . Ele se referia ao poder religioso representado pelo paganismo oficial, que era o maior obstáculo ao estabelecimento de seu poder e autoridade.

A este respeito, a História se manifesta: O Império Romano unificado facilitava a expansão da nova fé, embora o paganismo, inclusive com o culto ao imperador, constituísse forte obstáculo (Grandes Personagens, Agostinho , p. 156). Ainda sobre o mesmo assunto: Caracterizada por seu intransigente paganismo e pela especulação filosófica, a Academia mantinha-se então como um ponto de resistência à crescente ascensão do Cristianismo (papado) (Idem, p. 39).
Agora, unicamente os povos arianos constituíam obstáculo ao completo domínio do bispo de Roma e de sua estrutura de poder já existente e madura para o seu propósito.



A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA CRISTÃ


Três anos e meio após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, com o apedrejamento de Estevão, no ano 34 d. C., abateu-se uma terrível perseguição sobre os apóstolos e os primeiros cristãos, em Jerusalém. Por esta razão, todos foram dispersos pelas terras da Judéia e Samaria (Atos 8:1) e o Evangelho começou a ser pregado em outros lugares. O Espírito Santo era Quem conduzia e inspirava os seguidores de Cristo na sublime e sobre-humana tarefa de levar a mensagem de salvação ao mundo.

A conversão, no caminho de Damasco, daquele que era o maior perseguidor dos discípulos de Cristo Saulo e que teve o seu nome mudado para Paulo, ficando conhecido como o Apóstolo dos Gentios veio trazer um inestimável reforço na pregação do Evangelho Eterno. Milhares de pessoas aceitavam a fé no Crucificado.
A mensagem central era a salvação eterna, a ser consumada por ocasião da segunda vinda de Jesus, conforme a Sua promessa feita poucos anos antes: Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se Eu for, e vos preparar lugar virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também (S. João 14:1-3).
A esperança dos seguidores de Cristo era a Sua volta ao mundo, o que, segundo criam, deveria acontecer já em seus dias. Mas não deveria ser assim, conforme Paulo explicou em sua segunda carta aos Tessalonicenses. Muitas coisas deveriam acontecer antes da vinda do Senhor. O Evangelho Eterno seria pervertido e as suas verdades jogadas por terra. Enfim, muitos séculos separavam o seu tempo do retorno do Senhor a este mundo.
Esta mensagem foi-lhes enviada para que não desanimassem, visto que muitos dos irmãos morriam sem testemunhar o cumprimento da promessa e a realização de suas mais acalentadas esperanças.
Paulo escreveu: Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com Ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição; o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora, de sorte que se assentará como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera: somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da Sua boca, e aniquilará pelo esplendor da Sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade (II Tessalonicenses 2:1-12).
Esta mensagem de Paulo esclarece aos seus contemporâneos o equívoco de sua esperança na vinda imediata do Senhor, transferindo esta mesma esperança para um futuro de onde seriam resgatados da sepultura e da morte pela ressurreição, no dia da Sua vinda (1Coríntios 15:23). O apóstolo identifica, sem sombra de dúvidas, o grande poder apóstata que estava para se manifestar, e que seria estabelecido quando fosse removido o obstáculo que impedia a sua ascensão, o que iremos considerar.

Este poder, conforme atestam comentaristas e teólogos católicos, não representa uma única pessoa, mas uma inumerável série de pessoas que, ininterruptamente, ao longo dos séculos, vêm sucessivamente afrontando os Céus. Eis o comentário do PONTIFÍCIO INSTITUTO BÍBLICO DE ROMA, através da Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, 1969, ao analisar o texto antes referido: 3.5 O tempo da parousia (segundo advento de Cristo) não é iminente, pois antes devem suceder os sinais precursores, de que Paulo já falara em sua instrução oral. As suas palavras deviam ser claras para os seus destinatários, recordando-se elas de tudo o que fôra ensinado; para nós, ao contrário, são assaz obscuras e quase indecifráveis .
Ora, para estes comentaristas podem ser indecifráveis e obscuras as palavras de Paulo. Para os estudiosos das Sagradas Escrituras e das profecias de Deus, entretanto, estas palavras revestem-se de uma clareza meridiana. Eis a continuação do comentário citado: Antes da segunda vinda haverá uma grande defecção religiosa (conforme Mateus 24:11-13); manifestar- se-á o homem da impiedade, o anticristo, voltado à perdição e causa de perdição para muitos, contrário à lei de Deus e ao próprio Deus e com pretensões de assentar-se no templo de Deus, isto é, ser adorado como Deus. Pela descrição que dele faz o apóstolo, o Anticristo parece ser um indivíduo determinado; para outros seria uma coletividade, uma série ininterrupta, de emissários do demônio, que desde os inícios do Cristianismo o combatem e o combaterão encarniçadamente (p. 1.422, destaques acrescentados).
O comentário está absolutamente certo, neste aspecto, porque quando um papa é eleito ele é investido num cargo vitalício que somente deixa quando morre. Ao ser substituído, seu sucessor dá seqüência à série de pontífices que somente terá termo na vinda de Jesus, quando será destruído, pelo assopro da Sua boca, conforme o texto profético da Palavra de Deus. Continuando: 7-8 A rebelião contra Deus e a luta contra a religião, inspirada pelo espírito das trevas já se iniciou e se vai alargando, mas encontra um impedimento no obstáculo; quando este for retirado, então manifestar-se-á o ímpio. O Senhor Jesus o destruirá com o sopro da Sua boca (Idem, p. 1.423).
Verdadeiramente, este poder apóstata e anticristão lutou encarniçadamente contra o Cristianismo. Usando o seu nome, procurou e quase conseguiu destruir os límpidos princípios do Evangelho Eterno ensinados pelos patriarcas e profetas hebreus, por Jesus Cristo e pelos Seus apóstolos. Somente uma minoria obstinada e fiel, perseguida e martirizada, manteve através dos séculos acesa a chama da verdade de Deus. Estes, perseguidos como hereges, são chamados por Deus através de Sua Palavra de Santos do Altíssimo .

Segundo a História, Em Antioquia foram cunhados dois nomes: o de cristão e o de católico, este último inventado por um escritor local do século II, o mártir Inácio (Grandes Personagens da História Universal, Paulo , Editora Abril, p. 130). As próprias Escrituras confirmam: Em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos (Atos 11:26).
A palavra católico tem a conotação de universal e, figuradamente, de algo correto , perfeito . Ao ser cunhada pela primeira vez referindo-se aos seguidores de Cristo, podia adequar- se perfeitamente aos puros princípios do Cristianismo praticados pelos primeiros cristãos. Era perfeitamente adequado o nome de IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA CRISTÃ, pois identificava uma igreja universal, cujo fundamento era Cristo, de Quem levava o nome, e confiada aos apóstolos, por comissão do próprio Senhor Jesus.
O Evangelho Eterno era pregado com grande poder e os seus frutos eram abundantes. Mas, aos poucos, a pureza apostólica foi dando lugar a um afrouxamento e afastamento dos límpidos ensinamentos de Jesus. Havia passado o primeiro período da igreja Cristã, representado no Apocalipse pela carta à Igreja de Éfeso (Apocalipse 2:7). A partir do imperador Nero a Igreja e seus seguidores foram vítimas de terríveis perseguições e milhares de fiéis testemunhas de Jesus tiveram o seu sangue derramado e pagaram com a própria vida pelo simples fato de ser cristãos.
Segundo o registro histórico, todas as instituições romanas (a justiça, o exército, o senado), a moral, os usos e os costumes estavam impregnados de paganismo. Os cristãos não queimavam incenso ao imperador e se opunham ao modo de vida da maioria, além de se reunirem em secreto, o que era proibido. Por isto, e muito mais, iniciaram-se as perseguições, já no ano 64 d. C., sob o governo de Nero. Outros imperadores, como Domiciano, Trajano, Marco Aurélio, Septímio Severo, Aureliano etc., também perseguiram os cristãos, terminando com Diocleciano, o último imperador romano a empreender feroz perseguição (Processo Histórico..., p. 81).
O sangue dos mártires, no entanto, era como semente fecunda. Por mais que Satanás oprimisse os cristãos, através das perseguições desencadeadas pelos imperadores romanos, mais o seu número aumentava. Foram dez as perseguições contra a Igreja. A mais terrível, e a última, mencionada especificamente na profecia (Apocalipse 2:10), teve a duração de dez anos, através do imperador Diocleciano.

Então, Satanás, conhecendo que a sua estratégia de perseguir não produzia os resultados que desejava, resolveu mudar de tática. A mulher, que representava na profecia a Igreja e esposa de Jesus Cristo, manteve-se fiel debaixo das mais ferozes perseguições, enfrentando os mais cruéis sofrimentos. Sendo impossível dobrá-la pela força, resolveu Satanás tentar conquistá-la pela sedução.Continua....Na Proxima Postagem.....

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